sábado, 13 de dezembro de 2008

Os índios Coroados

         Fisicamente, os coroados, em geral, apresentavam estatura mediana, sendo que as mulheres eram mais baixas que os homens. Apresentavam pele de tom assemelhado á de um mulato escuro, eram robustos, corpo bem delineado, visualizando-se músculos aparentes. As crianças que escapavam dos riscos da lavagem em água fria ao nascer, tornavam-se indivíduos adultos com muita saúde e notável vigor.
         A Nação dos Coroados dividia-se em pequenas tribos, constituídas por famílias entrelaçadas e parentes chegados. Cada uma dessas tribos possuía o seu cacique e estavam sujeitas há uma autoridade superior, de quem dependiam, o cacique principal, a quem prestavam uma obediência cega. Nada faziam os chefes das tribos subordinadas sem consultar o cacique principal e, o que este resolvia e ordenava, era executado com todo o risco e pontualidade. Qualquer falta de obediência ou dissidência, trazia para o chefe e sua tribo uma guerra de morte e, quando tal acontecia, raramente tornavam a se reconciliar.
         Suas aldeias eram formadas de ranchos com vários tamanhos e configurações. Construíam ranchos de forma prismática, chamados de "ranchos de beira do chão", de tamanhos diversos e proporcionados ao número de indivíduos que deveria conter.
         A linguagem que os coroados falavam era um dialeto que se derivava em grande parte, da língua tupi e dos guaranis. Porém, de tal maneira alterada e corrupta, por uma pronúncia um tanto aspirada, que lhes modificava as palavras. Além disso, o dialeto era muito pobre em palavras, e muitos objetos diferentes tinham o mesmo nome.
         No tempo das conquistas e das missões dos Padres da Companhia de Jesus, os índios guaranis conheciam os coroados pelo nome de "caábabal" e de "caáhan". Os padres ensinaram os guaranis a chamarem os coroados de curupira (diabo do mato) e de "tapya-caápora" (homem bravio e mau). Assemelhavam-se, porém todos, sem distinção alguma, no caráter feroz e sanguinário.
         Os coroados alimentavam-se quase que exclusivamente de frutas. A caça era uma alimentação secundária, já que para consegui-la, era necessário o desperdício de flechas (elas quebravam), que muito trabalho lhes dava a fabricação.
         As mulheres coroadas grávidas eram tratadas com mais rigor que as outras. Os índios Coroados eram muito supersticiosos a respeito das mulheres em estado de gravidez. “Eram condenadas ao jejum severo enquanto se achavam nessa situação. Embora os índios fossem muito gulosos pela carne, elas eram proibidas de prová-la sob o receio de que a criança nascesse com o nariz disforme, nem podiam comer aves ainda pequenas, para que a pequenez do alimento não fosse transmitida aos filhos”. O rigor da lei se estendia, também, aos maridos, aos quais era proibido matar feras e para não serem tentados a isso, eram desarmados durante o período de gravidez de sua companheira. Logo que a índia dava à luz, o marido jejuava quinze dias, sem sair de casa; e, em algumas tribos, o marido ficava de cama, enquanto a mulher se purificava nas águas fluviais.

Os índios Puris

Principais características e habilidades:

         Possuíam estatura baixa, entre 1,35m e 1,65m, rosto largo, nariz curto, dentes magníficos, olhos oblíquos. Tinham braços musculosos, pelo de coloração acobreada, cabelos negros e grossos, compridos e abundantes. As mulheres da tribo mediam em torno de 1,40m.
         Os puris habitavam em construções rudimentares feitas de madeiras e fibras, e cobertas de capim, palha ou casca de árvore, ou mesmo folhas de palmito ou brejaúba.
         Habitavam toda a região da Mata, eram mais pacíficos e atrasados, viviam nus e dormiam em buracos cavados na terra. Nadavam muito bem, construíam suas jangadas e atravessam qualquer rio, exceto as regiões com cachoeiras.
         Utilizavam a flecha e o bodoque como armas.
         Após o contato com os brancos, eram pagos com cachaça para que prestassem vários serviços aos mesmos, um deles era a abertura das matas.
         Acreditavam que um ser poderosíssimo e bom os acompanhava.Tinham seus "pajés" e a eles ficava a incumbência de dirigir as atividades religiosas e rituais da aldeia, cuidar dos doentes e ministrar-lhes medicamentos, transmitir aos membros as poucas lendas e tradições de sua gente.
         Acreditavam no feitiço e a eles era reputada, pelas tribos que viviam nas redondezas, a fama de grandes feiticeiros.
         Plantavam, em pequena escala, "fava mangalês", batata-doce, banana e milho. Utilizavam também em sua alimentação, cará branco, mandioca e abóbora que comiam crus ou cozidos.Apreciavam o araçá, ananás, abacaxi, goiaba, mamão e coco de vários tipos, sendo a banana, considerada por eles, fruta nobre. Para eles, o mel representava saboroso alimento.
         Da caça e da pesca dependia quase que totalmente sua sobrevivência.
         A dança era um dos divertimentos favoritos dos Puris e a eles era reputada a fama de grandes dançarinos. As danças religiosas eram realizadas em louvor ao "Sol" e aos "Astros", de preferência as "Estrelas".
         Não existiam parteiras nas aldeias, as mulheres grávidas ao pressentirem o nascimento próximo, dirigiam-se para o interior da floresta e lá, forrando o chão com folhas, davam à luz, inclusive seccionando o cordão umbilical e resolvendo por si todas as complicações que pudesse advir.
         Faziam os Puris vários objetos para seu uso, empregando a argila faziam suas panelas e enormes potes, denominados "igaçaba", onde depositavam seus mortos.Faziam também com barro cozido colheres, pratos, potes para água e outros utensílios dos mais diversos formatos.
         Os vocábulos indígenas brasileiros, em geral, são todos de característica Tupi-Guarani. Cada tribo, cada família, dispunha de dialetos próprios, porém, com a mesma origem.Os Puris não fugiam à regra e tinham seu próprio vocabulário, formando um dialeto influenciado pelos conquistadores, fossem eles portugueses, africanos ou indígenas de outras tribos.
         A morte atingia nossos índios muito cedo, eram raros os que viviam mais tempo. Tinham grande pavor da morte e procuravam evitar assistir a um falecimento dos seus. Por isso, abandonavam os velhos e enfermos no meio da selva, com o fogo aceso, alguns galhos secos de árvore, água e comida.Quando morria alguém na tribo, o sepultamento era feito imediatamente para que os maus espíritos não se apossassem do corpo. O morto, por sua vez, era amarrado e enrolado em cordas feitas de embira e logo, em seguida, era colocado em uma igaçaba que lhe serviria de túmulo, indo com ele sua flecha e seu bodoque, bem como outros objetos que possuísse.

sábado, 22 de novembro de 2008

Resumo Histórico

        

         A Região onde hoje situa-se o Município de São José do Vale do Rio Preto foi outrora o desconhecido Sertão da Serra Acima, morada dos índios Puris e Coroados que deixaram velhas trilhas pelas quais começou a penetração do Território por aventureiros, subindo por veredas íngremes na vegetação nativa da Serra dos Órgãos ou pelo Vale da Paraíba.   

(foto esquerda: índios Puris; direita: índios Coroados )

         Por se localizar numa área intermediária entre a cidade do Rio de Janeiro, então capital da Colônia e as Minas Gerais, isto é , entre dois mercados em potencial. Esta situação começou a estimular a fixação do homem branco nos territórios do Rio Preto.

Sesmarias foram solicitadas e surgiram as primeiras fazendas:
- Fazenda Rio Bonito- l800 ( no Rio Bonito)
- Fazenda Águas Clara - l803 (era do Padre Cônico Luis Gonçalves Dias Correa, primeiro vigário da paróquia e também foi do Barão de Águas Claras, que hospedou D. Pedro II )
- Fazenda do Calçado - 1809 (Foi do Barão de Congonhas do Campo - no Calçado Grande)

(Foto: Fazenda do Calçado)

- Fazenda Roçadinho - 1810 ( no Roçadinho)
- Fazenda São Domingos Amoreira- 1809 ( a sede não existe mais, se localizava onde se encontra o nosso atual Hospital)
- Fazenda Bela Esperança - 1809 ( Existe nova sede no local, localizada no Belém)
- Fazenda Ribeirão- 1820 ( A sede não existe mais, era localizada em Águas Claras)
- Fazenda Jaguara - 1826 (na Jaguara, Estrada para a Pouchuck)
- Fazenda Belém - 1849 ( da família Werneck, peça fundamental para o desenvolvimento de São José , no Belém)




- Fazenda Boa Sorte - ( a sede não existe mais, era localizada na estrada de São José para Anta)
- Fazenda Paraíso ( a sede não existe mais, era localizada na localidade do Paraíso na Estrada São José - Anta)
- Fazenda Pedras Brancas ( a sede não existe mais, na Pedras Branca)
- Fazenda Bela Vista - ( Córrego Sujo)
- Fazenda Santa Maria - 1850 ( Queirós)
- Fazenda Bela Ribas - 1850 (Parada Morelli - do outro lado da Ponte)
- Fazenda Palmeiras-1850 ( a sede foi modificada - Estrada das Palmeiras)
- Fazenda Valverde - 1858 (no Valverde)
- Fazenda São João de Paquetá - 1808 ( Estrada São José - Anta)
- Fazenda Santa Isabel -1860 ( a sede não existe mais - (Queirós-Jaguara)
- Fazenda Capoeirão, (Hoje Fazenda São Francisco- Jaguara)
- Fazenda Boa Vista -1868 ( Fazenda do Dr. Milton - São José - Anta)
- Fazenda Pinheiros - ( Hotel Maria Cláudia - Estr. São José - Anta)
- Fazenda Tubatão - ( a sede foi modificada - Estrada São José - Anta)
- Fazenda Vila Maria - ( a sede não se encontra em boas condições de conservação (Estrada São José-Anta)
- Fazenda do Sossego - 1870 ( foi do Barão de Bemposta - Estr. Valverde - Belém)
- Fazenda do Castelo - (Estrada Valverde- Belém)

         Os solares rurais dessa época de glória e fausto são hoje a melhor imagem do que foram os protagonistas desse esforço. Os "Barões do Café", Senhores de terras, produtores de riquezas, intrépidos personagens da nossa História.

        A aristocracia do café foi representada em São José pelo Barão de Águas Clara, Guilherme A . Souza Leite, e pelo Barão de Bemposta, Ignácio Santos Werneck..
        São José nasceu sobre a égide do trabalho e da oração. As riquezas produzidas pela lavoura e a grande influência da Igreja, organizadora do povoado, fizeram com que a localidade progredisse. "Em 15 de junho de 1822, Domingos Lopes de Carvalho e sua mulher, Florinda Maria da Encarnação fazem doação de terrenos para a Igreja, nos quais, já constavam: uma capela-mor perfeitamente acabada por dentro e por fora , e alguma parte do corpo da igreja , com sacristia e outra casa do lado, tudo de pedra ".
Os primeiros colonizadores de São José, vieram de Portugal, Minas Gerais, Paraíba do Sul e Vassouras. Iniciaram suas Produções com pequenas lavouras de milho, cana, batata, fumo e café.
* Construção em 1928, do Departamento do Café ( hoje funciona no local a Coopervale e em parte do terreno foi construído o nosso Hospital)
        Com a Crise Mundial de 1929, surgiu a queda do preço do café, em consequência, a economia do Vale do Rio Preto, baseada no café, caiu em acentuada decadência. Sem alternativa de meio de vida, as famílias abandonaram São José, em busca de novos meios de sobrevivência.
        Felizmente, em 1945, novo ciclo foi se instalando em São José, a Avicultura, que hoje harmonizada com a Agricultura, são os sustentáculos econômicos da região. A Cultura do Café , antiga atividade econômica, está, aos poucos, retornando, com o uso de novas tecnologias.
         Atualmente ainda encontramos alguns vestígios dessas épocas, que nos servem de lembranças e que caracterizam a nossa história.

· Igreja Matriz - se vista pelo lado do chafariz, nos mostra claramente como era a nossa Capela, datada de aproximadamente de l820;
· Algumas Fazendas, relacionadas anteriormente;
· Em 1884, houve um prolongamento da Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará, e foram construídas várias estações, hoje, só se encontra de pé, embora muito mal conservada, a antiga estação de Águas Claras;
· Chafariz da praça, em 1886, foi a primeira água encanada da cidade;
· Muros de contenção à beira do Rio, na estação, construídos em 1896;
· Alguns calçamentos de pedra , na atual Rua Coronel Francisco Limongi , na Rua Almeida Barbosa e na ladeira Cel. joão Limongi;
· Construída em 1904, a Capela Nosso Senhor dos Passos, onde, embora mal conservadas , ainda permanecem as telas da morte de Jesus Cristo ,doadas pelos provedores da capela, e o altar permanece no original.
· Com data de 1907, a Ponte Preta ( hoje símbolo da Cidade), na Estação;
· Com data de 1910, o primeiro sobrado construído na cidade, em frente à Ponte Preta;
· Os antigos atalhos prolongamentos da estrada da Ventania que terminava na ponte de águas Claras e aí se bifurcava para Cantagalo e para Paraíba do Sul;
· O segundo telefone instalado na Província do Rio de Janeiro foi na fazenda de Águas Claras para fazer comunicação entre as Fazendas do Belém e Bela Esperança.

         Atualmente, com a ajuda da natureza, ainda nos restam algumas belezas naturais :

· Pedras das Flores, localizada na Serra da Boa Vista (APA da Serra da Maravilha),onde encontramos várias espécies nativas e a nascente do Rio Calçado que faz a divisa entre os Municípios São José e Sapucaia - Um belo Passeio ecológico;
· Rio Calçado - Rio sem poluição onde é possível a pesca e banhos nas cachoeiras e apreciar belíssimas paisagens;
· Rio Preto - que corta 35 km dentro do Município, o mais importante da região, e apresenta inúmeras corredeiras próprias para canoagem.
· APA da Serra do Taquaruçu (Jaguara).
· Cachoeiras para banhos (Poço Fundo), na vertente da Serra da Boa Vista
· Áreas de plantações (com destaque as parreiras de chuchu e plantações de caqui e maracujá).
· A Ilha das capivaras, onde os animais vivem em liberdade.
· Paredões de pedras na Ventania, ( Morro Grande na Estrada São José - Teresópolis.


(Pesquisa de Jany de O. Limongi e Ângela Limongi Carvalho)

História de São José do Vale do Rio Preto - RJ

   

         Este blog tem por finalidade destacar a história de São José do Vale do Rio Preto-RJ. Vamos fazer uma espécie de "Túnel do Tempo" em nossas origens.
         Serão divulgados vários textos e fotos que remontam diversos momentos que marcaram a história de nossa cidade. Será bastante intuitivo e divertido saber um pouco mais de São José...
        Em breve começarei a divulgar alguns textos sobre as Sesmarias, as Fazendas, A igreja Matriz, a Ponte Preta, A estrada de ferro e o trem, e diversos outros assuntos relacionados ao nosso passado.